Procurador do Departamento de Justiça usou citação mal atribuída para mostrar a "consciência de culpa" da equipe do Tornado Cash

Num conjunto de documentos de última hora antes do início planejado para 14 de julho do julgamento de Roman Storm, cofundador do protocolo de mixing Tornado Cash, a defesa de Storm argumentou que os promotores do Distrito Sul de Nova York usaram uma citação mal atribuída para mostrar a "consciência de culpa" da equipe Tornado.

A disputa gira em torno de mensagens do Telegram que foram recebidas das autoridades holandesas após o processo contra o desenvolvedor do Tornado Cash, Alexey Pertsev. Pertsev foi condenado a 64 meses de prisão por um tribunal holandês por facilitar a lavagem de dinheiro através do Tornado Cash.

Uma mensagem em particular diz: "Heya, alguém por perto para conversar sobre Axie? Gostaria de fazer algumas perguntas gerais sobre como alguém saca 600 milhões." (A mensagem faz referência ao ataque de US$600 milhões à ponte Ronin do jogo blockchain Axie Infinity.) O procurador assistente dos EUA, Ben Arad, referiu-se à mensagem em uma audiência de 8 de julho como uma declaração que mostra a "consciência de culpa" dos cofundadores, de acordo com a transcrição da audiência.

"Por exemplo, quando o ataque da Ronin aconteceu, um dos co-conspiradores perguntou, em suma, gostaria de fazer algumas perguntas sobre como lavar US$600 milhões em criptomoedas roubadas", disse Arad ao juiz. "Isso não tem nada a ver com as sanções do OFAC, exceto que, uma vez que as sanções do OFAC foram impostas, esses co-conspiradores que sabiam que estavam fazendo algo errado agora sabiam que as pessoas estavam observando."

No entanto, a defesa de Storm produziu documentos que mostram que a mensagem foi originalmente escrita por Andrew Thurman, então repórter sênior de tecnologia da CoinDesk, e depois encaminhada para um chat separado do Tornado Cash por Pertsev.

"...Dado que o governo atribuiu erroneamente a mensagem do Telegram do repórter a Pertsev na Conferência Pré-Julgamento, parece que o próprio governo não estava ciente desse problema até que a defesa o levantou", afirma um documento da defesa.

Os promotores, em sua resposta, admitiram que sua versão original das mensagens de texto extraídas fornecidas à defesa em setembro de 2023 não incluía a tag "encaminhada" nas mensagens encaminhadas, levando à confusão, mas disseram que forneceram a versão corrigida à defesa em dezembro de 2024 — a versão que planejam oferecer no julgamento.

"O fato de o Governo ter produzido anteriormente um formato diferente das mensagens que não indicava o encaminhamento simplesmente não tem relação com a autenticidade dos chats ou sua confiabilidade", escreveram os promotores. "Nem muda o fato de que a defesa possuía a versão dos chats que o Governo pretende usar no julgamento por mais de sete meses antes de levantar esta questão três dias antes do julgamento."

A defesa de Storm contestou fortemente a ideia de que atrasaram sua moção até o último minuto como uma manobra estratégica. "De fato, embora o governo ataque a defesa por não perceber o problema antes, o governo não revela quando soube desse problema... então eles não estão em posição de apontar o dedo."

A defesa de Storm apontou a citação mal atribuída como uma evidência em seu argumento de que o juiz deveria rejeitar todas as evidências do chat do Telegram do telefone de Pertsev do julgamento, e pediu para revisar as transcrições do grande júri, dizendo: "[a defesa] tem sérias preocupações sobre a integridade dos procedimentos do grande júri, uma vez que parece que o governo forneceu informações falsas ao grande júri."

Os promotores, em sua carta, pediram desculpas por produzir as mensagens originais sem as informações de encaminhamento, mas solicitaram que o juiz negasse a moção da defesa para excluir as evidências.