Os desenvolvedores principais do Bitcoin integraram uma proposta para remover o limite padrão de 83 bytes nos dados OP_RETURN na versão v30, planejada para lançamento em outubro, aumentando o novo limite para 100.000 bytes. Essa medida relaxará as restrições sobre a incorporação de dados dentro das transações, com as limitações reais vindo do tamanho da transação e dos limites do bloco. A mudança visa simplificar a incorporação de dados on-chain, promover uma publicação de dados mais descentralizada e reduzir os incentivos para submissão direta de transações aos mineradores. Embora este ajuste de política tenha provocado intensos debates e disputas de governança dentro da comunidade, trata-se apenas de um ajuste na política de retransmissão do mempool, não sendo uma mudança no nível de consenso; os usuários podem optar por outras implementações. Os apoiadores argumentam que isso está alinhado com o comportamento real dos mineradores, enquanto os opositores temem que isso possa levar a um aumento de dados inúteis e sobrecarregar a rede. Trinta e um desenvolvedores principais apoiam publicamente a não filtragem de transações não padrão, enfatizando a natureza do Bitcoin como um sistema resistente à censura. A mudança foi proposta por Greg Sanders e outros, e integrada por Gloria Zhao. As reações da comunidade estão fortemente divididas, envolvendo discussões sobre descentralização, saúde da rede e transparência na governança.

Desenvolvedores do Bitcoin Core aprovaram uma pull request para remover o limite padrão de 83 bytes para dados OP_RETURN, com a alteração na política do mempool prevista para entrar em vigor na versão v30 da implementação, agendada para outubro. O Bitcoin Core é a implementação de referência do protocolo Bitcoin, mantida por uma comunidade open-source de desenvolvedores e amplamente utilizada para operar nós completos na rede. O novo limite de 100.000 bytes efetivamente eliminará o teto para a quantidade de dados que podem ser incorporados em uma transação usando OP_RETURN, com as restrições práticas passando a ser o limite padrão do tamanho da transação (aproximadamente 400 KB) ou o limite do tamanho do bloco (4 MB de peso). Contudo, os limites antigos ainda podem ser aplicados manualmente com a opção "-datacarriersize", que permanece utilizável, porém está depreciada, sem um cronograma definido para remoção. A mudança simplifica a incorporação de dados onchain e pode expandir casos de uso semelhantes a inscrições, embora seja distinta dos Ordinals existentes, que utilizam dados witness — uma parte dos dados de transação Bitcoin introduzida pela atualização SegWit em 2017 e posteriormente flexibilizada com a atualização Taproot em 2021. O limite OP_RETURN foi inicialmente implementado em 2014 para conter spam e inchaço da rede. No entanto, críticos argumentam que ele se tornou ineficaz, pois usuários podem contorná-lo evitando o mempool e enviando transações diretamente aos mineradores — levantando preocupações de centralização. Defensores da mudança dizem que ela apenas alinha os padrões do Bitcoin Core com o comportamento real dos mineradores, tornando a incorporação de dados mais permissionless ao reduzir incentivos para negociações diretas com mineradores e promover uma publicação de dados mais descentralizada e baseada no mempool. Entretanto, a proposta gerou controvérsia sobre a governança, comunicação e práticas de moderação do Bitcoin Core, com alguns dissidentes sendo banidos por spam no GitHub. Em última análise, trata-se de um ajuste na política de retransmissão do mempool — e não de uma mudança de consenso — e os usuários podem optar por implementações alternativas do Bitcoin, como o Bitcoin Knots, caso prefiram regras diferentes. As mudanças originalmente propostas foram elaboradas por Greg Sanders, com contribuições de outros, incluindo Peter Todd. Em maio, o plano para remover o limite OP_RETURN provocou um intenso debate na comunidade Bitcoin. Os próponentes argumentaram que a restrição havia perdido sua utilidade e que a remoção do limite incentivaria comportamentos onchain menos nocivos, afastando os usuários de técnicas de dados não podáveis. Os opositores disseram que a proposta carecia de consenso e poderia estimular spam, com alguns críticos chegando a classificá-la como "coercitiva". Os desenvolvedores inicialmente consideraram três opções: manter o limite, aumentá-lo ou removê-lo completamente. As duas primeiras foram consideradas arbitrárias e ineficazes, enquanto a terceira obteve amplo — embora não unânime — apoio, segundo a discussão no GitHub. Pesando os argumentos a favor e contra a mudança, a desenvolvedora do Bitcoin Core e engenheira de software da Chaincode Labs, Gloria Zhao, que aprovou a pull request, afirmou na segunda-feira que a atualização corrige um desalinhamento entre o custo e a padronização dos diferentes métodos de armazenamento de dados. Ela apontou que o limite existente empurrava os usuários para alternativas mais nocivas, não podáveis, ou para o envio direto aos mineradores, ambos prejudicando a descentralização e a utilidade do mempool. Zhao também abordou preocupações sobre spam e danos à rede, argumentando que as saídas OP_RETURN são podáveis, relativamente custosas e não sobrecarregam a validação nem o conjunto UTXO, tornando-as uma opção menos prejudicial. O objetivo mais amplo, disse ela, é evitar tendências de centralização, apoiar o uso permissionless do espaço em bloco e garantir que a política do Bitcoin Core reflita o que os mineradores já aceitam. Muitos na comunidade Bitcoin, incluindo o Diretor de Segurança da Casa, Jameson Lopp, o desenvolvedor da Spiral, Ben Carman, e o chefe de pesquisa da Galaxy, Alex Thorn, elogiaram a decisão. "O Bitcoin Core acabou de enviar uma mensagem: ataques pessoais e ataques Sybil são ineficazes. Meritocracia ou nada!", disse Lopp. No entanto, a mudança continua a ter seus detratores, incluindo o desenvolvedor do Bitcoin Core, mantenedor do Knots e CTO do pool de mineração Ocean, Luke Dashjr, que anteriormente argumentou que permitir mais spam é um abuso da rede."As saídas OP_RETURN maiores que 83 bytes irão aumentar significativamente, o inchaço de UTXO continuará piorando e haverá mais lixo onchain. Isso vai envelhecer como uma tatuagem ruim", disse o educador de Bitcoin e ex-colaborador do Core, Jimmy Song. "Eu incentivaria qualquer pessoa que utilize o Bitcoin Core a fazer sua própria pesquisa sobre isso antes de atualizar quando for lançado. O precedente horrível que isso estabelece e o risco combinado de um Core centralizado e pools de mineração centralizados criam uma situação insustentável", acrescentou o autor de Bitcoin, Parker Lewis.

Antes da fusão, em uma carta aberta na sexta-feira, 31 desenvolvedores do Bitcoin Core se manifestaram contra a filtragem de transações não padrão, afirmando que isso iria contra a natureza do Bitcoin como um sistema resistente à censura. "Isto não é endossar ou convalidar o uso de dados não financeiros, mas aceitar que, como um sistema resistente à censura, o Bitcoin pode e será usado para casos de uso com os quais nem todos concordam", escreveram os desenvolvedores.

"Os desenvolvedores do Bitcoin Core têm alterado a rede gradualmente para permitir spam e agora parecem focados também em remover barreiras para spammers. É desonesto simplesmente dizer 'é o que é agora, azar'", respondeu Samson Mow, fundador da Jan3.

Desenvolvedores do Bitcoin Core Planejam Remover Limite de Dados do OP_RETURN, Gerando Intensa Discussão na Comunidade